Tá doendo.
Tá doendo muito.
Não tá doendo só por perder.
Tá doendo pela forma e conteúdo.
Não dava pra perder de sete. Não dava prá ficar sem Neymar.
Sem a alegria ainda infantil refletida nos dribles, na jinga, no futebol
alegria ds nossos campinhos de várzea, de praças, de quadras comunitárias da
pátria do futebol.
Tá doendo ver David Luis chorando, pedindo desculpas pra
nós, torcedores, os duzentos milhões de décimos segundos jogadores da nossa
canarinha.
Tá doendo ver a crônica esportiva criticar nossos guerreiros
do campo verde de batalha de uma pátria de paz.
Tá doendo ver alguns poucos brasileiros queimar nossa
bandeira tão querida, tão louvada, abraçada e nos abraçando nesses dias de
alguma glória, muito sofrimento e angústia a cada jogo, jogado com o coração,
muito mais que com as chuteiras.
Tá doendo no coração de cada brasileiro, brasileira,
brasileirinhos e brasileirinhas que sonharam nesses últimos dias com mais uma
estrela brilhando em cima do coração na nossa camisa verde e amarela.
Tá doendo, doendo muito.
Doendo que dói.
Uma dor sem explicação, sem lógica, sem compreensão.
Tá doendo uma dor que só o tempo talvez possa aplacar. Um
tempo que não sei quando.
Talvez só um lapso de memória, outra geração, assim como foi
em 1950, tempo que não vivi. Dor que só conheço pelos escritos da história.
Tá doendo e sinto que algum alívio vem apenas ao
compartilhar essa dor com cada um a cada uma, dos irmanados nessa dor.
Tá doendo no nosso Brasil de norte a sul, de leste a oeste.
Tá doendo. Doendo muito. Doendo que dói.